Relato da Expedição Abya-yala

A Expedición Abya Yala, tierra madura na língua do povo Kuna, ocorreu nos meses de Janeiro e Fevereiro do ano de 2015 e teve duração de um mês, no qual um grupo de pessoas de diferentes países da América Latina visitaram lugares e conheceram pessoas que enfrentam problemáticas relacionadas à destruição do meio em que vivem, ocasionando uma série de conflitos e em muitos casos problemas de saúde. Site da Expedición Abya Yala – http://expedicionabyayala.org/

Com início da viagem em Bogotá – Colômbia e término em Otavalo – Equador, a expedição passou por treze cidades. Nas cidades de Bogotá e Sesquilé conhecemos os Mhuysqas que compartilharam conosco sua medicina, o tabaco, e nos apresentaram sua cosmologia. Na roda da palavra que fizemos dentro da maloca do Jardim Botânico de Bogotá, a ajudante de um dos abuelos aplicou em nós o rapé, e nos foi explicado que a medicina é para limpar o corpo, o espírito e nos conectar com los abuelos. Nos apresentaram em sua língua canções de agradecimento pela comida, que são também uma forma de cura junto ao tabaco e ao sopro. A mulher tem como principal medicina a menstruação, que lhe confere a sabedoria e a coloca no posto de conselheira do homem, que por sua vez popora para suprir a falta dessa sabedoria. Curta feito pelos jovens Mhuysqas da comunidade Sesquillé, visitada pela Expedição: https://vimeo.com/97687407

Em Buenaventura, zona portuária com população majoritariamente negra, nos encontramos com a Associação de Mulheres que nos colocou a par das problemáticas enfrentadas por elas no cotidiano da cidade que inclui violências com mulheres tanto da parte de civis como de militares que atuam na área. Em Piendamó conhecemos a comunidade Misak e seu processo de resgate da língua original e criação da escola Misak com métodos próprios de ensino. A Isla Muisne é uma área de manguezal que vem sendo destruída por conta das indústrias de camarão, que contaminam o mangue e matam o ecosistema do lugar, acarretando no desemprego das concheras, mulheres catadoras de ostras que conhecemos e que lutam para a preservação daquele meio ambiente. Soma-se a esse quadro o descaso dos dirigentes com os dejetos produzidos pela população, que não são recolhidos e ficam em frente as casas onde as crianças tomam banho quando a maré enche, ocasionando muitas doenças como as de pele. A zona petroleira na região de Shushufindi, Equador, é um exemplo tanto de conflito entre etnias indígenas e a empresa petroleira Petroamazonas, como de perigo à saúde da população local, que apresenta um alto índice de câncer devido à contaminação da terra e da água por derramamento de petróleo e completo descaso e falta de cuidado da Petroamazonas. Estações abandonadas a mais de quarenta anos seguem despejando veneno no solo em que a população planta sua comida e na água da qual ela bebe, acrescentando a isso as explosões de gás que comumente ocorrem nas vias da cidade e a falta de segurança dessas ruas que são perpassadas por canos de ferro a céu aberto conduzindo petróleo que enferrujam e contaminam ainda mais a cidade. Na última cidade visitada, Otavalo, participamos de um ritual de agradecimento e limpeza conduzido por duas mulheres de etnia indígena que trabalham atendendo pessoas a partir da perspectiva da medicina tradicional.

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