Sugerimos fortemente a leitura dos artigos do “Fórum Saúde e Povos Indígenas” publicado na revista Cadernos de Saúde Pública vol.30 no. 4 de abril de 2014, disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0102-311X20140004&lng=pt&nrm=iso
Reuni 05 textos de pesquisadores da área abordando temáticas como: I Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição Indígena; a análise da política de saúde indígena; e, o desafio da qualificação e educação permanente das equipes de saúde indígena.
Anexo abaixo os resumos e referências dos textos:
WELCH, James R.. Fórum: saúde e povos indígenas no Brasil. Introdução. Cad. Saúde Pública [online]. 2014, vol.30, n.4, pp. 851-854. ISSN 0102-311X. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00031814.
O presente Fórum sobre Saúde e Povos Indígenas no Brasil explora os desafios contemporâneos para a saúde indígena e políticas de saúde no Brasil. O pequeno conjunto de artigos que se seguem são baseados em palestras, originalmente realizadas em painel do Grupo de Trabalho em Saúde Indígena, por ocasião do 10o Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva no Rio Grande do Sul, pelos professores Carlos E. A. Coimbra Jr. (Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz), Marina Denise Cardoso (Universidade Federal de São Carlos) e Eliana E. Diehl (Universidade Federal de Santa Catarina), com Marcos A. Pellegrini (Universidade Federal de Roraima). Nesta breve Introdução apresento as contribuições ao Fórum, tomando como ponto de referência um exemplo local de iniquidade nos cuidados à saúde derivado da apresentação realizada no mesmo painel por Paulo F. Supretaprã, liderança comunitária indígena da aldeia Etênhiritipá no Mato Grosso.
CARLOS JR., E. A. Coimbra. Saúde e povos indígenas no Brasil: reflexões a partir do I Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição Indígena. Cad. Saúde Pública [online]. 2014, vol.30, n.4, pp. 855-859. ISSN 0102-311X. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00031214.
A configuração atual da saúde dos povos indígenas no Brasil resulta de complexa trajetória histórica, responsável por grandes atrasos para os indígenas em relação aos avanços sociais verificados no país ao longo das últimas décadas, particularmente nos campos da saúde, educação, habitação e saneamento. O principal foco dessa contribuição é rever sinteticamente uma seleção dos principais resultados do I Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição Indígena, realizado entre 2008-2009, e que visitou 113 aldeias em todo o país, tendo entrevistado 6.692 mulheres e 6.128 crianças. Dentre os resultados, é dado destaque às deficientes condições de saneamento verificadas nas aldeias, à elevada prevalência de desnutrição crônica, anemia, diarreia e infecções respiratórias agudas na criança, e à emergência de doenças crônicas não transmissíveis na mulher. O cenário delineado a partir do Inquérito impõe urgente revisão crítica da política de saúde indígena, com vistas a melhor atender às necessidades de saúde do segmento indígena da população brasileira.
CARDOSO, Marina Denise. Saúde e povos indígenas no Brasil: notas sobre alguns temas equívocos na política atual. Cad. Saúde Pública[online]. 2014, vol.30, n.4, pp. 860-866. ISSN 0102-311X. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00027814.
O objetivo deste texto é analisar as políticas de saúde para os povos indígenas no Brasil, tendo como marco a Constituição Federal de 1988 e os seus desdobramentos para o atendimento médico-assistencial destas populações. Destacam-se três eixos norteadores para esta análise: o projeto gestor, balizado pelas noções de “autonomia” e “controle social”, mas que traduz certo modo de organização das formas de representação e participação indígenas no plano das políticas públicas estatais; o pressuposto da noção da “atenção diferenciada” para a construção de um modelo assistencial inclusivo, mas operacionalmente normativo; e, por fim, a relação entre o modelo gestor de atenção à saúde indígena e as próprias práticas terapêuticas indígenas.
DIEHL, Eliana Elisabeth e PELLEGRINI, Marcos Antonio. Saúde e povos indígenas no Brasil: o desafio da formação e educação permanente de trabalhadores para atuação em contextos interculturais. Cad. Saúde Pública [online]. 2014, vol.30, n.4, pp. 867-874. ISSN 0102-311X. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00030014.
Este artigo visa a refletir sobre a formação e educação permanente de trabalhadores da e para a saúde indígena, diretriz da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas que se apresenta atrasada e inconclusa na agenda oficial. Partindo das proposições intersetoriais dos Ministérios da Saúde e da Educação direcionadas à formação em saúde, destacamos o caso da atenção à saúde indígena, apontando que as iniciativas oficiais na área ainda necessitam incorporar o conceito de educação permanente, que é um potente instrumento para o favorecimento do diálogo intercultural e orientação das práticas sanitárias.